por Maria Simões
Tenho tentado, por diversas formas e vezes, estabelecer regular um debate sobre politica cultural nos Açores afastada de partidos políticos. Hoje penso que, independentemente do triste cenário que se está a viver no pais, a discussão é, por si só, uma manifestação de maturidade, de cidadania e um exercício de plena liberdade e democracia.
Infelizmente, essa discussão nao se estende aos Açores, onde a politica cultural é, ainda, inexistente. E digo inexistente porque, à ausência de discussão publica se sucedem faltas de transparência nos concursos, incumprimento de prazos, indefinição de critérios, medo de manifestar opiniões, etc etc, etc.
Uma vez, quando, amigavelmente, tentei partilhar com o actual Director Regional da Cultura que o que fazemos é serviço publico, que substituímos o estado na sua missão de facultar o acesso a cultura a um cada vez maior numero de pessoas, quando disse que sentia que as Descalças estavam não só a não ser reconhecidas como a ser desrespeitadas pelo Governo dos Açores, o Dr. Paulus Bruno aconselhou-me a "baixar o ego".
Perdi a discussão. Perdi o chão. A conversa tomava, na sua cabeça, um rumo completamente diferente...
Eu não podia estar a falar de direitos quando a pessoa que tinha à minha frente não estava preparada para ter essa conversa.
Percebi que tinha que voltar ao inicio de tudo, ao inicio dos tempos, ao "quando os animais falavam"...
Reset. Apagar. Começar de novo.
O meu passo de hoje é uma citação de Catarina Martins para ver se, pelo menos, começamos por estar de acordo nos conceitos.
"agentes independentes são artistas, estruturas de produção, de criação, de programação cuja actividade é independente da iniciativa do estado e que são quem, no terreno, em todo o território, prosseguem politicas de cultura, ou seja, prosseguem imperativos públicos, do estado, de dar à população acesso à cultura e que, por isso, são financiados por concurso, de forma transparente e pela qual prestam contas. E portanto os artistas não são dependentes da DGArtes ou do Ministério da Cultura. O Ministério da Cultura é sim dependente dessas estruturas de criação que fazem a agenda cultural em todo o pais e que, portanto, devem ser respeitadas como tal." (Catarina Martins)
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