Gent’ilesa – A nova trova duma mulher de palavra
“Listen to the words and dance!” (David ‘Talking Heads’ Byrne)
Gentil a voz afaga os sentidos na rota do silêncio. Ilesa a voz inquieta denuncia o aperto da barbárie. É chama a voz que encarna o ventre da raiz.
A trova que Teresa Gentil nos propõe em “Gent’ilesa” traz nas entranhas a coragem do gesto artístico que, sem rodeios, é afirmação de um tempo outro onde se adivinham sinais, ecos e preciosos silêncios de novos hinos. Há que ouvir “Gent’ilesa com a atenção desmedida de quem se rende sem medo ao calor da chama que anuncia novos dias.
Voz que ao mesmo tempo embala e desperta, absorve e explora, percorre e revela o sentido explícito e implícito da palavra nua e crua. Canto que afaga… dispara e ousa ser interventivo sem se perder nos labirintos e meandros de lugares-comuns ou estafadas tiradas mais ou menos politicamente correctas. Denúncia assumida de quem se sente consciente e profundamente perturbada pelas marcas e feridas, visíveis e interiores, da barbárie institucionalizada (mesmo quando esta se veste de tons supostamente atraentes e sedutores).
Tanto para descobrir e saborear no rico e variado conjunto de temas deste segundo álbum a solo de Teresa Gentil. Uma viagem com rota definida rumo a muitos e sugestivos portos. Unidade e diversidade sobejamente confirmadas na riqueza e expressividade melódica, nas soluções e resoluções harmónicas e nas opções de arranjos plenas de brilho.
“Descalça”, firme e constante, Teresa Gentil é mulher de voz própria que anuncia uma “nova trova” inteligentemente alicerçada na arte de tocar guitarra como quem deixa nas cordas as impressões digitais e na forma única, fulgor e rara sensibilidade com que percorre as teclas do piano. Ousaria dizer que a Teresa simultaneamente estilhaça e abraça aquele que será o seu instrumento de eleição.
“Gent’ilesa” é também um disco inovador em termos de inventividade rítmica, plenamente demonstrada em sucessivos e inteligentemente entrosados balanços que nascem, claramente, de muito estudo/trabalho e talento aos molhos. Dá para dizer que o som da Gentil e Ilesa Teresa transpira um “groove” que dá que pensar e dançar: nas cadências do samba/ bossa nova, do swing e do tango; batidas de raiz nossas e de outros lugares; e novas propostas onde a palavra é, ela própria, ritmo. A potência e essência significante e mesmo interventiva da canção ou vive do balanço (e do silêncio) certo ou não vai lá…”Gent’ilesa” vai…longe e directo aos ouvidos do coração!
P.S.: Ainda a propósito de ”Gent’ilesa” convém lembrar: a notável cumplicidade artística de Maria Simões, presente na palavra dita e escrita, na flauta e na produção executiva do CD; a qualidade dos músicos participantes; a terna e subtil beleza do texto de apresentação de Judite Fernandes; e ainda… a transbordante sensibilidade de Luís Roque, responsável pelas formas, cores e contornos gráficos que ilustram o álbum.
António Melo Sousa (Realizador, Antena1-Açores)
“Listen to the words and dance!” (David ‘Talking Heads’ Byrne)
Gentil a voz afaga os sentidos na rota do silêncio. Ilesa a voz inquieta denuncia o aperto da barbárie. É chama a voz que encarna o ventre da raiz.
A trova que Teresa Gentil nos propõe em “Gent’ilesa” traz nas entranhas a coragem do gesto artístico que, sem rodeios, é afirmação de um tempo outro onde se adivinham sinais, ecos e preciosos silêncios de novos hinos. Há que ouvir “Gent’ilesa com a atenção desmedida de quem se rende sem medo ao calor da chama que anuncia novos dias.
Voz que ao mesmo tempo embala e desperta, absorve e explora, percorre e revela o sentido explícito e implícito da palavra nua e crua. Canto que afaga… dispara e ousa ser interventivo sem se perder nos labirintos e meandros de lugares-comuns ou estafadas tiradas mais ou menos politicamente correctas. Denúncia assumida de quem se sente consciente e profundamente perturbada pelas marcas e feridas, visíveis e interiores, da barbárie institucionalizada (mesmo quando esta se veste de tons supostamente atraentes e sedutores).
Tanto para descobrir e saborear no rico e variado conjunto de temas deste segundo álbum a solo de Teresa Gentil. Uma viagem com rota definida rumo a muitos e sugestivos portos. Unidade e diversidade sobejamente confirmadas na riqueza e expressividade melódica, nas soluções e resoluções harmónicas e nas opções de arranjos plenas de brilho.
“Descalça”, firme e constante, Teresa Gentil é mulher de voz própria que anuncia uma “nova trova” inteligentemente alicerçada na arte de tocar guitarra como quem deixa nas cordas as impressões digitais e na forma única, fulgor e rara sensibilidade com que percorre as teclas do piano. Ousaria dizer que a Teresa simultaneamente estilhaça e abraça aquele que será o seu instrumento de eleição.
“Gent’ilesa” é também um disco inovador em termos de inventividade rítmica, plenamente demonstrada em sucessivos e inteligentemente entrosados balanços que nascem, claramente, de muito estudo/trabalho e talento aos molhos. Dá para dizer que o som da Gentil e Ilesa Teresa transpira um “groove” que dá que pensar e dançar: nas cadências do samba/ bossa nova, do swing e do tango; batidas de raiz nossas e de outros lugares; e novas propostas onde a palavra é, ela própria, ritmo. A potência e essência significante e mesmo interventiva da canção ou vive do balanço (e do silêncio) certo ou não vai lá…”Gent’ilesa” vai…longe e directo aos ouvidos do coração!
P.S.: Ainda a propósito de ”Gent’ilesa” convém lembrar: a notável cumplicidade artística de Maria Simões, presente na palavra dita e escrita, na flauta e na produção executiva do CD; a qualidade dos músicos participantes; a terna e subtil beleza do texto de apresentação de Judite Fernandes; e ainda… a transbordante sensibilidade de Luís Roque, responsável pelas formas, cores e contornos gráficos que ilustram o álbum.
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